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Apresentação da “Laudato Si”

LSi

Bispo de Aveiro: “A ecologia integral é uma exigência da justiça”

Diocese de Aveiro promoveu apresentação da encíclica sobre a “casa comum”

“A ecologia integral é uma exigência da justiça”, realçou D. António Moiteiro na apresentação da “Laudato si”. O bispo de Aveiro, encerrando uma sessão com intervenções que abordaram o documento do Papa Francisco sob o ponto de vista ambiental, político e económico, convidou à leitura da encíclica a partir de uma antropologia que considere o ser humano no mundo como inferior a Deus, igual para com o outro ser humano e superior à restante criação. Tal superioridade, contudo, não lhe dá o direito destruir a criação, mas antes o dever de “colaborar no seu aperfeiçoamento”. A justiça para com os outros seres humanos, para com a criação e para com o Criador exige, portanto, “um novo estilo de vida”, com mais “simplicidade” e com a “alegria de quem se sabe amado por Deus”.

A apresentação do documento sobre o “cuidado da casa comum” decorreu na noite de 29 de junho, na Igreja de São Francisco, Aveiro, promovida pela Comissão Diocesana Justiça e Paz (CNJP). A escolha do local, que foi pequeno para as duas centenas de pessoas que quiseram participar, deveu-se a “razões óbvias”, como disse Manuel Oliveira de Sousa, presidente da CNJP, referindo-se à inspiração do santo italiano, a começar pelo título da encíclica, “Louvado sejas”.

Isabel Miranda, professora universitária de Ambiente em Aveiro, apresentou dados científicos que apoiam as afirmações do Papa Francisco, como o aumento das temperaturas globais e o seu impacto na produção agrícola, e sublinhou e expressão papal “tomar dolorosa consciência”. Segundo a professora universitária, o Papa deseja que todos tomem “dolorosa consciência” e que ousem “transformar em sofrimento pessoal aquilo que acontece ao mundo”. Será este um princípio de mudança.

Fernando Rocha Andrade, político ligado ao PS e professor de Direito na Universidade de Coimbra, realçou que o Papa considera consensual que a intervenção humana está a causar alterações climáticas, o que vai contra setores influentes dos Estados Unidos, alguns deles ligados a confissões cristãs. Não sendo crente, o político congratulou-se por a encíclica defender não uma “ecologia dos interesses”, mas uma “ecologia franciscana”, em que a natureza tem “dignidade própria”.

Óscar Gaspar, falando como economista, citou o Papa para realçar que “a política não se deve submeter à economia, e esta não se deve submeter aos ditames e ao paradigma eficientista da tecnocracia”. Ecoou ainda as palavras de Francisco ao frisar que a “maximização do lucro é uma distorção concetual da economia”. Neste sentido, e porque “comprar é sempre um ato moral”, com “implicações éticas”, disse que fazer boicote a determinado produto é um legítimo mecanismo de pressão para que a empresa mude de práticas. O economista que também é político, ligado ao PS, considerou que o “texto profético” de Francisco não separa as crises. “A crise é ambiental e social ao mesmo tempo”, defendeu, pelo que a “conversão ecológica” está necessariamente ligada à “mudança de mentalidades”, à “conversão social”.

António Jorge/CV

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