Pages Navigation Menu

XXI Domingo do Tempo Comum – Ano B

40_img

40_txt

Breve comentário

            Aparentemente, o discurso de Jesus sobre o Pão da Vida acaba mal. Já não são as multidões, que andavam à procura de alimento e de curas, a murmurarem, mas os discípulos, isto é, aqueles que, além dos Doze, seguiam habitualmente Jesus.

            A questão central desde texto está na oposição entre «carne» e «Espírito», ou seja, entre duas concepções diferentes do homem e, por conseguinte, de Jesus e da sua missão. A condição fundamental para ser verdadeiro discípulo de Jesus e poder identificar-se com ele é a visão do homem como «espírito», isto é, realizado pela acção criadora do Pai, não simplesmente como «carne», o homem sem capacidade de amor desinteressado até ao fim. A estas duas concepções do homem correspondem duas concepções diversas de Jesus. O Messias «segundo a carne» é o rei que eles queriam para si, o dominador que impõe o seu poder aos súbditos. O Messias segundo o Espírito é aquele que se faz servo do homem para dar a sua vida por ele, para lhe comunicar a vida total e plena, ou seja, a liberdade e a capacidade de amar como ele. Aceitar o Messias implica a assimilação da sua pessoa e da sua mensagem que leva, através da acção do Espírito, à mesma atitude de vida. Comporta uma renúncia, como a sua, ao desejo de domínio ou poder e da glória humana.

            Jesus tinha pedido que eles unissem as suas vidas à sua própria vida, numa adesão plena não apenas às suas Palavras mas à sua Pessoa. Ele apresentou a proposta radical do Evangelho que pode ser aceite ou não.

            O Evangelho é anunciado não só àqueles que podem constatar fisicamente a pessoa de Jesus mas, de modo particular, àqueles que o seguem mesmo depois da sua partida para o Pai, não podendo ter um contacto sensível com Jesus. É pedida uma fé ainda maior.

            A liberdade de Jesus é total. Não procura entusiastas que o admirem, o louvem, enquanto podem ser servidos nos seus interesses imediatos, mas apresenta propostas de Vida que comporta exigências. E Jesus respeita a liberdade de cada um, conhecendo perfeitamente o íntimo de cada um. Perante a recusa em aceitar a sua proposta e mesmo com a atitude da maior parte dos discípulos em deixarem de o seguir, Jesus não muda o seu discurso nem tenta explicar melhor. Pelo contrário, radicaliza a sua proposta, sem medo de ficar sozinho: «Também vós quereis ir embora?».

O final do texto apresenta uma confissão de fé: «A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna! E nós cremos e sabemos que Tu és o Santo de Deus». Longe de entenderem completamente todas as coisas ditas por Jesus, alguns aderem à sua pessoa, continuando a confiar. É a fé que Jesus espera daqueles que o seguem.

P. Franclim Pacheco

Diocese de Aveiro

  • Facebook
  • Google+
  • Twitter
  • YouTube