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Pergunta #11: Pode dizer-se que é autêntica a manifestação de vontade de doentes terminais que pedem a eutanásia?

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Pergunta #11: Pode dizer-se que é autêntica a manifestação de vontade de doentes terminais que pedem a eutanásia?

            Pode dizer-se que nunca é absolutamente seguro que se respeita a vontade autêntica de uma pessoa que pede a eutanásia. Nunca pode haver a garantia absoluta de que o pedido de eutanásia é verdadeiramente livre, inequívoco e irreversível.

            Muitas vezes, traduz uma ideia momentânea, frequentemente condicionada por um humor depressivo, e que, após o tratamento psiquiátrico adequado, pode ser alterada. Em fases terminais sucedem-se momentos de desespero alternando com outros de apego à vida. Porquê respeitar a vontade expressa num momento, e não noutro? Não poderia a pessoa vir a arrepender-se mais tarde, como se arrependem a maior parte dos que tentam o suicídio? É que a decisão de suprimir uma vida é a mais absolutamente irreversível de qualquer das decisões, dela nunca pode voltar-se atrás.

            Que certeza pode haver de que o pedido de morte é bem interpretado, não será ambivalente, talvez mais expressão de uma vontade de viver de outro modo, sem o sofrimento, a solidão ou a falta de amor experimentados, do que de morrer? Ou de que esse pedido não é mais do que um grito de desespero de quem se sente abandonado e quer chamar a atenção dos outros? Ou de que não é consequência de estados depressivos passíveis de tratamento? Estando em jogo a vida ou a morte, a mínima dúvida a este respeito seria suficiente para optar pela vida (in dubio pro vita). E poderá estar alguma vez afastada essa mínima dúvida?

            Num estudo realizado por Emanuel et al. (2000)[6] com 988 doentes terminais, cerca de 10,6% destes doentes referiram considerar pedir a eutanásia, ou o suicídio medicamente assistido, para si próprios. No entanto, cerca de 6 meses mais tarde, cerca de 50,7 % desses doentes mudaram de opinião, recusando a eutanásia. Além disso, os sintomas depressivos estavam associados aos pedidos de eutanásia.

 

Próxima: O valor da vida tem relevo apenas individual?

 

erguntas, e respostas, anteriores já publicadas:

1ª Pergunta: O que são a eutanásia e o suicídio assistido?

2ª Pergunta: Será a eutanásia verdadeiramente uma «morte assistida»?

3ª Pergunta: O que é a obstinação terapêutica?

4ª Pergunta: O que é a distanásia?

5ª Pergunta: A eutanásia é sempre voluntária?

6ª Pergunta: A questão da legalização da eutanásia e do suicídio assistido envolve opções religiosas?

7ª Pergunta: Quais são os principais argumentos dos defensores da legalização da eutanásia e do suicídio assistido?

8ª Pergunta: A legalização da eutanásia é uma exigência do respeito pela autonomia da pessoa?

9ª Pergunta: Todos os direitos são disponíveis?

10ª Pergunta: Pode falar-se em «direito a morrer» e em «direito a morrer com dignidade»?

 

 

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