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Todos somos Seminário de Aveiro

Todos somos Seminário de Aveiro

 

Na semana de 11 a 18 de novembro celebramos, em todas as comunidades e dioceses do país, a Semana dos Seminários, com o título Formar Discípulos Missionários.

A nossa Diocese de Aveiro dedica o triénio pastoral 2018-2021 ao tema da vocação para nos ajudar a recentrar toda a vida da Igreja em Jesus – opção que a Igreja sempre tomou em tempos de crise e dificuldade, como são estes os que vivemos no que diz respeito às vocações sacerdotais e de consagração. Jesus toma a iniciativa de chamar os que Ele quis e o conteúdo do convite é a sua própria pessoa. A resposta a este chamamento exige entrar na mesma dinâmica que Jesus imprimiu à sua vida.

O nosso Programa Pastoral para este ano afirma que aprender “a caminhar com” é próprio dos verdadeiros discípulos de Jesus. Essa é a sua vocação original. É Jesus quem se faz companheiro de viagem. Por isso, ser discípulo é saber acompanhar e ser acompanhado. É um verdadeiro desafio pastoral e espiritual: compreender o que é acompanhar e saber como acompanhar ao estilo de Jesus. A pedagogia utilizada com os discípulos de Emaús consistiu em aproximar-se, caminhar com, escutar, compreender, acolher, ajudar a olhar com mais profundidade, ajudar a compreender a Escritura, tendo sempre uma atitude de paciência, de respeito, de confiança para tocar o coração e provocar o encontro. É acompanhar no caminho, pois Jesus encontra-se quando se caminha, quando se vive.

 

Seguir Jesus nos caminhos da vida

Toda a vida é uma viagem e o seguimento de Jesus situa-se sempre em ordem à meta para a qual caminhamos. Para nos ensinar quais são as exigências da vocação apostólica, o evangelista S. Lucas apresenta-nos três condições para o seguimento de Jesus: a imitação de Jesus exige um desprendimento total, sendo como as raposas e como os pássaros que não têm casa nem laços que os atem (Lc 9,58); o chamamento exige uma resposta urgente, sem se prender com deveres familiares (Lc 9,60); e a decisão tem de ser irrevogável, sem olhar para trás (Lc 9,62).

A pregação tem de se apoiar apenas na força da Palavra: sem bolsa, nem alforge, nem sandálias. É necessário a confiança em Deus e na Sua providência, que elimina toda a excessiva preocupação pela própria subsistência e se confia nas mãos de Deus. Importa anunciar o Reino, mesmo que o mensageiro seja recusado. Os missionários não anunciam a sua própria doutrina, mas a de Jesus. Este é que é recusado ou aceite. A pregação do Reino tem de ir acompanhada de amor ao próximo e a Deus.

 

Jesus continua hoje a chamar

O chamamento de Deus, tal como afirma a nossa Carta Pastoral Jesus chamou os que Ele quis, eles foram e ficaram, é sempre um desafio. Os chamados foram, “viram onde Jesus morava e ficaram com Ele”. O ardor com que eles amavam a Cristo impelia-os a fazer com que outros também O amassem. É, pois, preciso procurar modos para abrir caminhos para que o Senhor possa falar e chamar. A vocação do homem não é para desempenhar uma função, mas para viver com o Filho, para descobrir e reconhecer a própria identidade filial, para ser filhos no Filho (n. 7).

Duas preocupações nos devem acompanhar: renovar e aprofundar constantemente o encontro com o Senhor, procurando-O cada dia sem cessar; e levar os outros a experimentar este encontro, acompanhando-os no caminho do Evangelho. «Deixa que a graça do teu Batismo frutifique num caminho de santidade. Deixa que tudo esteja aberto a Deus e, para isso, opta por Ele, escolhe Deus sem cessar. Não desanimes, porque tens a força do Espírito Santo para tornar possível a santidade e, no fundo, esta é o fruto do Espírito Santo na tua vida (cf. Gal 5,22-23)» (G et Ex 15).

 

Formar discípulos missionários

A pastoral vocacional não pode reduzir-se à capacidade de ser bons animadores e a ações pontuais e isoladas, mas a um contínuo trabalho em profundidade. Precisamos de aperfeiçoar as atividades pastorais que já realizamos e criar iniciativas novas que respondam aos novos problemas. A vida comunitária, a vida espiritual e a vida apostólica devem ser capazes de inspirar experiências novas. As comunidades que, em conjunto, partilham, rezam, celebram e ajudam a discernir sobre os sinais e a vontade de Deus tornam-se terreno fértil para que as pessoas, segundo as diversas vocações, possam viver o discipulado missionário de Jesus. «Todos e cada um dos membros da Igreja devem ser mediadores da proposta vocacional. O ministério do apelo vocacional diz respeito a todo o cristão: aos pais, aos catequistas, aos educadores, aos professores, em especial aos professores de EMRC e não apenas aos Bispos, presbíteros e diáconos ou aos consagrados da vida religiosa e secular» (CEP, Bases para a pastoral vocacional, 22).

O nosso Seminário não é apenas o belo edifício construído no coração da cidade de Aveiro, mas são os seminaristas que nele vivem, os adolescentes que participam nos encontros do pré-seminário, as famílias que sonham com um filho sacerdote, os jovens que colocam a pergunta sobre o seu projeto de vida e as comunidades cristãs que desejam pastores segundo o coração de Cristo.

Peço, como pastor desta porção do povo de Deus, a esmola da oração pelo nosso Seminário; a ajuda material para desempenhar, com eficácia, a sua missão; e o entusiasmo de todos, sacerdotes e leigos, em chamarmos para esta bela vocação de entregar a vida na construção de um mundo mais belo e mais fraterno.

 

 

Pai Santo,

fonte perene de existência e de amor,

Tu manifestas, no ser humano,

o esplendor da tua glória,

e colocas no seu coração

a semente do teu chamamento.

Faz de nós teus autênticos discípulos,

no matrimónio, no sacerdócio e na vida consagrada

e, abrindo-nos ao dinamismo do Espírito,

cheguemos a ser imagem

do teu ser e do teu amor.

Ámen.

 

 

Aveiro, 6 de novembro de 2018 (Festa de S. Nuno de Santa Maria)

António Manuel Moiteiro Ramos, vosso Bispo e irmão.

 

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