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Anuncio-vos uma grande alegria…

Mensagem de Natal

Ano 2019 

Anuncio-vos uma grande alegria…

Aproxima-se o Natal… por excelência a festa da família. O presépio convida-nos à contemplação. Quanta ternura irradia de Maria e José reclinados diante do Menino recém-nascido deitado numa manjedoura! Este é o mistério e a alegria que somos convidados a partilhar, celebrar e anunciar neste tempo de Natal.

Como afirma o Papa Francisco, «por todo o lado e na forma que for, o Presépio narra o amor de Deus, o Deus que Se fez menino para nos dizer quão próximo está de cada ser humano, independentemente da condição em que este se encontre».

A família de Jesus é chamada a viver, inesperadamente, o mistério da vida e o mistério do amor – como são todas as famílias. Diante de tão belo cenário, ficam diluídos os abandonos e sacrifícios da partida de Maria e José, que se viram obrigados a deixar a sua terra, a sua casa, os seus parentes, e pôr-se a caminho para se recensearem em terra distante. Uma viagem nada fácil para um casal jovem que esperava pelo nascimento de um filho… Por não haver lugar para eles na hospedaria, foi num ambiente de desconforto, ali num simples estábulo, que Maria deu à luz o Emanuel, o Deus connosco.

Esta imagem do presépio retrata e toca o coração das famílias. Deus, ao manifestar-se ao mundo integrado numa família, quis transformar cada família num presépio vivo. Na caminhada de José e de Maria escondem-se, hoje, os passos de muitas famílias. São muitas, infelizmente, as situações desconcertantes que se vivem nas famílias: hostilidade, abandonos, separações, carências… Se a família não estiver alicerçada no amor, será difícil a sua perseverança em harmonia e unidade de corações.

Viver o verdadeiro Natal é acolher e partilhar da alegria que vem da austera e simples beleza da família de Nazaré. Cabe-nos a todos criar as condições humanas e de coração para que Jesus possa irromper na nossa vida, mas esta missão começa no seio da família. Aqui se aprende a olhar, a escutar, a meditar e a penetrar o significado da manifestação do Filho de Deus entre nós. A família cristã tem de redescobrir a sua identidade e ser, na Igreja e no mundo, o rosto vivo do Deus que ama. Se embalássemos tudo baseado neste amor, talvez se encontrasse remédio para a fragilidade, a força para o levantar da queda, o estímulo para equilibrar o carácter, o desejo de sair da negligência, a riqueza para suprir as carências, a coragem para preservarmos e defendermos a vida desde o nascimento até à morte natural… encontraríamos famílias felizes e uma sociedade mais solidária.

A presença do ‘maior dos presentes’ faz com que nos reclinemos como Maria e José. Mais do que pensar no louco consumismo, que a humildade e ternura desta família, com a sua história de amor, desperte a nossa sensibilidade para sermos famílias autênticas, comunidades de fé, de esperança e de amor, alimentando o dom da hospitalidade, preparando, cada dia, o encontro com o Emanuel e os irmãos. A vida de comunhão torna-se um sinal para o mundo e uma força de atração que leva a ser fonte de vida nova.

Mesmo na sua fragilidade, a família pode tornar-se uma luz na escuridão do mundo. Ela não deixa de ser a referência da vida de cada um de nós. Contemplando a família de Nazaré, Deus convida-nos à conversão e a renovar a esperança. Celebrar o Natal é acreditar que o Deus menino nasce para nos trazer a alegria da renovação. Que a exemplo de Maria e José, cresça em nós o amor e o compromisso pela defesa da instituição da família. Que cada pai e cada mãe seja, para os filhos, um reflexo e prolongamento da luz que irradia do presépio. Que os filhos saibam honrar os seus pais e ser gratos pelo dom da vida e os muitos sacrifícios em prol da sua realização pessoal. Que os jovens, na descoberta da sua vocação, matrimonial ou de consagração, se capacitem do dom e da presença da ternura de Deus nas suas vidas. Vão percebendo que aquilo que são os laços de que se nutre a família é algo verdadeiramente sagrado, e que viver na e em família requer que se faça um caminho que, continuamente, é preciso redescobrir e investir, pois não está isenta de dificuldades. Sendo lugar onde se ri e se chora, é a partir de cada família que o projeto de Deus se realiza em cada um de nós.

Guiados pela luz que nos vem de Belém, ao prepararmo-nos para celebrar, com alegria, o nascimento de Jesus, na nossa diocese de Aveiro, nas nossas famílias e nas nossas comunidades, é tempo de reconhecer Deus presente em todas as situações onde o julgamos ausente, pensarmos no modo como o devemos acolher e de sermos presença deste Menino no meio do mundo – como família que acompanha, integra e acolhe. Não hesitemos em deixá-lo entrar na nossa vida e no nosso mundo. Abriguemo-lo no templo do nosso coração, nas nossas casas. E assim, acontecerá Natal!

Com ‘glória a Deus no mais alto dos céus’, a todos vós e às vossas famílias desejo feliz e santo Natal.

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O vosso amigo,

† António Manuel Moiteiro Ramos, Bispo de Aveiro

Natal de 2019


 

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