Pages Navigation Menu

Dar Novo Impulso à Catequese

Estimados catequistas e pais com filhos na catequese

Amigos catequizandos: crianças, adolescentes, jovens e adultos

A todos os que se preocupam com a educação cristã dos mais novos

1. A Catequese na Missão da Igreja

 A pastoral da Igreja não pode prescindir do contexto sociocultural em que se vive. Sempre que a Igreja sente necessidade de rever e de aperfeiçoar a sua ação evangelizadora, passa sempre pela renovação da catequese. O novo Diretório para a Catequese trata do lugar central e insubstituível que a catequese ocupa na missão evangelizadora da Igreja, a qual se vê diante da necessidade de uma real iniciação à vida cristã que forneça bases sólidas para a caminhada “rumo à maturidade em Cristo” (cf. Ef 4,13). No seguimento de Jesus, que é o caminho, a catequese é uma caminhada que é preciso fazer e renovar. Um processo consistente de Iniciação à Vida Cristã é indispensável ao tipo de missão que os sinais dos tempos pedem à Igreja.

Devemos ver “este tempo”, em que o fosso entre a fé professada e a fé vivida cada vez é maior, como oportunidade para promover mais qualidade e entusiasmo na missão da catequese. Assistimos à necessidade de uma catequese que apresente a fé da Igreja de modo integral, rigoroso e fundamentado, capaz de dar resposta às realidades com que nos deparamos. Trata-se, com audácia, de recorrer aos meios ao alcance e ser testemunhas credíveis de Jesus Cristo.

O que é a Catequese?

O termo ‘catequese’, de origem grega, significa ‘ressoar’. A catequese é, portanto, um processo de educação na fé, um progressivo crescimento na compreensão, na assimilação das verdades reveladas, do sentido da vida, da vida em comunidade – um elemento fundamental da iniciação cristã. 

“A finalidade definitiva da catequese é a de fazer com que alguém se ponha, não apenas em contacto, mas em comunhão, em intimidade com Jesus Cristo” (CT 80). A Catequese interpela a pessoa para dar sua resposta de fé pessoal ao “mistério da salvação” que lhe é anunciado. Resposta que nasce do encontro pessoal com Jesus Cristo, e se transforma, inseparavelmente, num encontro pessoal com a comunidade dos discípulos que creem: a Igreja. A catequese é, pois, a experiência de um novo modo de viver como parte da família humana. Para tal, urge deixar-se levar pela experiência de Deus, pelo testemunho e pela intimidade com a Palavra de Deus, por meio da Sagrada Escritura. Não se pode limitar a uma instrução meramente doutrinal, mas precisa de ser uma verdadeira escola de formação cristã. Portanto, é necessário cultivar a amizade com Cristo na oração, o apreço pela Eucaristia, a experiência comunitária, compromisso apostólico mediante um permanente serviço aos outros; assumir uma catequese vivencial, a exemplo das primeiras comunidades cristãs (cf. At 2,42; At 4,33). 

Há perguntas que brotam da vida. “De que conversais pelo caminho?“, disse Jesus aos discípulos de Emaús na tarde do dia de Páscoa (cf. Lc 24,17) – Jesus quer entendê-los nos seus sofrimentos, nas suas angústias e nas suas buscas. Fazei vós também como o Mestre. Dores, sofrimentos, perseguição acompanham a missão de quem abre novos caminhos, mas é preciso não desanimar. O catequista deve inspirar-se no modo de agir de Deus na revelação do seu plano de amor, na paciência e na compreensão.

A Catequese na Missão Evangelizadora da Igreja

Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda a criatura” (Mc 16,15). “Ide, pois, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a observar tudo quanto vos ordenei” (Mt 28,19-20). “Recebereis uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós e sereis minhas testemunhas… até aos confins da terra” (At 1,8).

A catequese é sempre o ‘ressoar’, o ‘ecoar’ da evangelização, ou do primeiro anúncio – caminho que oferece condições para testemunhar a fé na Igreja e no mundo. A catequese é, sem dúvida, a chave do segredo de toda a obra da evangelização, cujos destinatários são todos os homens e o homem todo. «O Senhor declara-me que me formou desde o ventre materno, para ser o seu servo, para lhe reconduzir Jacob e para lhe congregar Israel. Assim me honrou o Senhor. O meu Deus tornou-se a minha força. Disse-me: “Não basta que sejas meu servo, só para restaurares as tribos de Jacob e reunires os sobreviventes de Israel. Vou fazer de ti luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra”» (Is 49,5-6).

«A finalidade da ação catequética consiste precisamente em favorecer uma profissão de fé viva, explícita e atuante» (DGC 66). “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura: Quem acreditar e for batizado será salvo” (Mc 16,15). A missão da Igreja é anunciar o Evangelho para que os ouvintes acreditem que Jesus Cristo é o Salvador do mundo, o Filho de Deus e, acreditando, tenham a vida em seu nome (cf. Jo 20,31). A catequese desenrola-se nesta linha. Tem em vista transmitir a Palavra de Deus que revela o seu desígnio de salvação realizado em Jesus Cristo de modo a despertar a fé e a conversão ao Senhor e a viver em comunhão com Ele (CT 5 e 6).

A catequese é um momento estruturante da evangelização, a qual precisa de ser entendida como um processo que integra vários momentos com uma sequência própria, como etapas de um itinerário dinâmico, em que os momentos se completam e implicam mutuamente. A catequese é, pois, um momento do processo de evangelização, o momento “fundamental” e “prioritário” de evangelização, pois lança as bases que podem dar solidez à vida cristã (cf. DGC 63 e 64). Uma catequese evangelizadora é uma catequese que não se limita a uma dimensão funcional em ordem à celebração de festas e de sacramentos, mas que está ao serviço da maturação da fé dos catequizandos.

A Iniciação Cristã

No processo de crescimento na fé há uma fase fundamental em que se lançam os alicerces da vida cristã e que condiciona, portanto, o edifício futuro da vida de fé: é a iniciação cristã. Por iniciação cristã entende-se o caminho de iniciação à vida cristã em todas as suas dimensões que, graças, sobretudo, aos sacramentos do Batismo, Confirmação e Eucaristia, introduzem no mistério de Cristo e da sua Igreja, e realizam o processo de tornar-se cristão. 

A iniciação cristã procura introduzir os cristãos na dinâmica do anúncio/testemunho do kerigma, que consiste em proclamar que em Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem, morto e ressuscitado, a salvação é oferecida a todas as pessoas, como dom da graça e da misericórdia de Deus. Os elementos que nos indicam o conteúdo do primeiro anúncio, ou Kerigma apostólico, são eminentemente trinitários: Cristo foi condenado à morte na cruz, morreu e foi sepultado; Deus Pai ressuscitou-o e exaltou-o, sentando-o à sua direita; em seu nome foi enviado o Espírito Santo para o perdão dos pecados (convite à conversão); os apóstolos são testemunhas de tudo isto.

A prática da iniciação à fé recebeu, no século II, o nome de catecumenado (aquele que deve ser iniciado). Atualmente, recomenda-se o catecumenado como a pedagogia mais adequada para fazer cristãos. Refere o Diretório para a Catequese que «a necessidade de fazer do processo de iniciação cristã uma autêntica introdução experiencial à globalidade da vida de fé leva a olhar para o catecumenado como uma imprescindível fonte de inspiração» (DpC 242). “Visa iniciar à fé e à vida cristã e conduzir ao encontro pleno com o mistério de Cristo na comunidade cristã” (cf. DC 61 e 63). Devemos oferecer a todos um itinerário de iniciação para o Batismo ou para a Confirmação ou, ainda, para retomar a vida cristã. 

O primeiro anúncio, que cada cristão é chamado a realizar, é resposta ao mandato de Jesus: «Ide». Tem a capacidade de pôr o Povo de Deus em situação de vigilância e em marcha – o que acolhe o anúncio torna-se discípulo e, por isso, necessariamente, missionário. A catequese parte da condição que o próprio Jesus indicou, «aquele que crer», aquele que se converter, aquele que se decidir. As duas ações são essenciais e reclamam-se mutuamente: ir e acolher, anunciar e educar, chamar e inserir (cf. DGC 61).

Pretende-se, assim, que crianças e pais/educadores possam experienciar a alegria do encontro com Jesus Cristo, que nos revela o Pai na força do Espírito, sendo introduzidos aos principais mistérios da fé cristã; possam caminhar num grupo de fé como discípulos de Jesus, aderindo ao seu projeto num dinamismo de conversão permanente, escutando a sua Palavra e vivendo na prática da oração e, finalmente, sejam introduzidos à liturgia e à vida da Igreja mediante um itinerário formativo e pela celebração dos sacramentos.

2. O Anúncio do Evangelho na Igreja Apostólica

O Livro dos Atos dos Apóstolos, sobretudo nos seus primeiros capítulos, fala-nos da viagem do Evangelho no mundo e mostra-nos a maravilhosa ligação entre a Palavra de Deus e o Espírito Santo que inaugura o tempo da evangelização. Muito significativo é o discurso de Pedro no dia de Pentecostes (At 2,14-26: primeiro anúncio Kerigmático ou anúncio de Jesus Cristo e o seu mistério de salvação). Diante da sua pregação os ouvintes comovidos perguntaram: “Que devemos fazer, irmãos?” Na resposta de Pedro encontramos as condições necessárias para começar a fazer parte da comunidade dos discípulos de Jesus: “Convertei-vos e peça cada um o batismo em nome de Jesus Cristo; recebereis, então, o dom do Espírito Santo” (At 2,37-41). Não há aqui referência explícita à iniciação cristã, mas apresentam-se muitos dados significativos sobre a entrada na comunidade dos discípulos de Jesus. Tal itinerário, conforme os Atos dos Apóstolos e as cartas de Paulo, é constituído por: pregação do Evangelho, acolhimento da fé e conversão; a catequese, entendida como “instrução”; a verificação das disposições do candidato; o Batismo, como mergulho (imersão) no mistério pascal de Cristo; o dom do Espírito Santo, a incorporação ativa no grupo dos discípulos (Confirmação) e a participação no Corpo de Cristo (Eucaristia).

A pregação dos apóstolos dá imediatamente lugar à formação de comunidades cristãs. O processo começava com um encontro fortuito ou procurado, onde tinha lugar o primeiro anúncio, podendo este completar-se ou explicitar-se noutros encontros. Os que se interessavam pela mensagem cristã eram convidados para as reuniões comunitárias, em que se encontravam com outros crentes que celebravam e partilhavam a sua fé. Pouco a pouco, estes encontros iam propiciando uma adesão mais firme ao grupo dos amigos de Jesus, até que se dava a integração plena na comunidade dos crentes em Cristo.

O primeiro anúncio teve como principais destinatários pessoas previamente vinculadas a redes sociais a que os primeiros cristãos tiveram acesso através das famílias, as comunidades judias, as associações de artesãos e outros grupos. A sua vinculação a estes grupos, através da hospitalidade, permitia encontrarem-se com pessoas a que de outra forma não podiam aceder.

O Anúncio do Evangelho

O anúncio da ressurreição que começou a difundir-se entre os discípulos de Jesus, logo após a sua morte, é o primeiro testemunho a evocar. Este primeiro anúncio foi único e peculiar porque não ia dirigido aos que desconheciam Jesus, mas aos seus próprios discípulos; único porque dele brotaram todos os outros anúncios. Evocar este anúncio é importante porque nos recorda que a evangelização ad extra, isto é, para fora, deve ir sempre precedida de uma evangelização ad intra, isto é, para dentro.

A crucifixão não era uma morte qualquer, mas uma forma de execução reservada aos criminosos, e não só porque provocava sofrimento horrível, mas porque se tratava de um suplicio degradante. Este aspeto da crucifixão é determinante para captar o impacto que a morte de Jesus teve entre os seus seguidores. Estes, cativados pelos seus ensinamentos e formas de atuar, viam nele um enviado de Deus. A crucifixão afirmava o contrário, e gera-se nos discípulos um conflito entre o que tinham pensado dele e o que pública e oficialmente se disse e fez. Inicialmente ficaram desorientados, mas nos dias seguintes começou a difundir-se a notícia de que Deus o havia ressuscitado de entre os mortos. A origem desta notícia temos que a situar numa série de experiências vividas pelos discípulos. Uma delas é a narrativa do sepulcro vazio (Mc 16,1-8). «Não está aqui, ressuscitou». Outra, aparece nas aparições do ressuscitado, das que já falava S. Paulo como de uma tradição recebida (1Co 15,5-8). Ambas expressavam a convicção de que a morte de Jesus não tinha sido a última palavra sobre Ele. Proclamavam que Deus o tinha ressuscitado de entre os mortos.

Tanto a afirmação de Maria Madalena como a dos discípulos, «Vi o Senhor» (Jo 20,18) «Vimos o Senhor» (Jo 20,25), pressupõem o reconhecimento de que Jesus havia sido constituído Senhor pela ressurreição, expressando assim uma convicção de fé. A cena pascal dos discípulos de Emaús representa esta transformação e o anúncio que brota da experiência do encontro com o Ressuscitado. Quando o Senhor desapareceu do lado deles, regressaram a Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os que estavam com eles, a dizer: «Verdadeiramente o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão. E eles contaram o que lhes tinha acontecido pelo caminho e como Jesus se lhes dera a conhecer, ao partir o pão» (Lc 24,33-35). É de realçar o ambiente entusiasta e a comunicação de vivências que transformou aqueles discípulos abatidos pelo trágico final do seu Mestre em testemunhas do Ressuscitado. O aspeto mais característico deste primeiro anúncio é que não é destinado aos de fora, mas aos que já pertenciam ao grupo dos discípulos de Jesus.

A partir de Jerusalém o Evangelho chegou a Antioquia e a outras paragens. Foram muitos os que acreditaram e se converteram ao Senhor.

3. A Conversão como Finalidade da Catequese 

O termo “discípulo” abre-nos o caminho evangélico e eclesial para chegar à pessoa que se encontra com Jesus Cristo vivo e vive a partir d’Ele. O discípulo de Cristo é alguém que encontrou e recebeu o Senhor, entra em comunhão de vida e missão com Jesus Cristo. Vive «os mesmos sentimentos que estão em Cristo Jesus» (Fl 2,5). 

No relato normativo da primeira evangelização, a conversão aparece como a consequência e a meta do processo evangelizador. A missão não pretendia só informar, instruir ou convencer, mas levar a uma mudança radical nas pessoas, promovendo a sua adesão à mensagem proclamada e a sua incorporação no grupo dos que que viviam conforme a mensagem. Como já referi anteriormente, a experiência do Pentecostes desemboca no anúncio do Kerigma, o qual dá lugar à conversão massiva dos ouvintes (umas três mil pessoas) (At 2,41).

Se os estudos tradicionais sobre o fenómeno da conversão põem a ênfase na mensagem, o aspeto em que Paulo e os seus companheiros mais se detêm, ao evocar o primeiro anúncio, não é no conteúdo, mas no modo como o realizaram. Recordam que o primeiro anúncio aconteceu no meio de grande sofrimento e insultos (1Tes 2,2); não se preocuparam em agradar aos homens, mas a Deus (1Tes 2,4); Não buscaram nunca os seus interesses, nem glória por parte dos homens; ainda que se pudessem impor como apóstolos de Cristo, optaram por ser afetuosos e atuar como uma mãe cuida dos filhos (1Tes 2,5-7). Neste clima de proximidade, em que as relações interpessoais desempenham um papel decisivo no processo de conversão, o anúncio teve lugar não nas praças públicas, mas nas casas (as igrejas domésticas), nas sinagogas e nas oficinas em que trabalhavam para ganhar a vida.

No ambiente em que Paulo e os seus companheiros contactaram com os habitantes de Tessalónica recorda-se «Sabeis que, tal como um pai trata cada um dos seus filhos, também a cada um de vós exortávamos, encorajámos e advertimos a caminhar de maneira digna de Deus, que vos chama ao seu reino e à sua glória» (1Tes 2,11-12). O resultado destes encontros foi um acolhimento entusiasta da boa notícia, ao ponto de a resposta dos tessalonicenses ser apresentada como exemplo para todos os crentes na Macedónia e na Acaia. Mas Paulo sabia que aquela fé insipiente seria posta à prova e necessitaria de ser confirmada – daí tentar várias vezes voltar a visitá-los e a entrar em contacto com eles mesmo à distância. Aquele acolhimento do primeiro anúncio tinha sido apenas o primeiro passo de um vasto itinerário de maturação da fé que inicialmente tinham abraçado. Seriam necessárias outras exortações e esclarecimentos para que aqueles discípulos amadurecessem a sua fé, pusessem em prática uma ética do amor mútuo, da inclusão, da solidariedade e comunhão fraterna.

4. O Novo Itinerário Nacional de Catequese

À medida que a Igreja toma consciência da descristianização do ambiente social, procura responder a esta situação renovando a sua ação pastoral numa perspetiva de evangelização. Os tempos requerem que demos a devida ênfase à catequese, nomeadamente com adultos e com os jovens. Toda a catequese, em especial a dos adultos, põe o acento em garantir a vida de fé, e inclusive suscitá-la e despertá-la quando se extinguiu ou sobrevive com debilidade. Nenhuma dimensão da pessoa humana será descurada. 

O novo Itinerário Nacional de Catequese surge na sequência da renovação da catequese que foi propiciada pelo novo Diretório para a Catequese. É o conjunto da infância e da adolescência que este itinerário pretende renovar; criar uma catequese capaz de envolver e dar destaque à família, como protagonista, onde os filhos e os pais fazem uma caminhada de fé e a sua iniciação cristã.

Este itinerário é feito por etapas. Considerando o catecumenado como um «lugar típico de iniciação, catequese e mistagogia» (DpC 63), o itinerário de iniciação à vida cristã segue os seus tempos fundamentais: o tempo da primeira evangelização, o tempo do catecumenado, ao fim do qual se chega à purificação ou iluminação e à celebração dos sacramentos da Iniciação Cristã e, finalmente, o tempo da mistagogia. O discipulado aparece depois da iniciação cristã.

Privilegia-se um acompanhamento do processo de adesão a Jesus Cristo no qual as etapas são mais balizadas pela maturidade da pessoa do que pela idade – uma catequese inclusiva, dirigida não só às crianças, mas também às famílias. A este nível, adquire especial relevo o dinamismo de progressividade. Procure-se implementar uma catequese atrativa que introduza no conhecimento do mistério de Cristo, buscando mostrar a beleza da Eucaristia dominical e que os leve a descobrir nela Cristo vivo e o mistério fascinante da Igreja.

5. A formação na catequese, uma prioridade

Ser catequista é a resposta a um chamamento, sentido no íntimo do coração, que impele a falar de Jesus e a aproximar d’Ele quantos desejam conhecê-lo. Fazer discípulos de Jesus, hoje, significa investir forte e corajosamente na catequese. O novo Diretório para a Catequese mostra a fé como algo que necessita sempre de amadurecimento, que se vai aperfeiçoando à medida que vai sendo vivida. Afirma o mesmo Diretório que para serem testemunhas credíveis da fé, “os catequistas sejam, ao mesmo tempo, mestres, educadores e testemunhas” (DC 135b).

Os desafios que atualmente se nos apresentam  requerem identidade cristã mais pessoal e fundamentada. O catequista será o guia seguro que conduzirá o catequizando a Cristo. A preparação e formação contínua é crucial e decisiva. No atual plano de formação de catequistas, o “Ser Catequista”, que altera o paradigma da catequese, corresponde ao primeiro passo de um percurso formativo que pretende potenciar a identidade do catequista de discípulo missionário e que há de crescer sempre mais nas etapas formativas seguintes. Não se pretende ‘ensinar’, mas criar espaço e oportunidade para o encontro, pois somente um catequista que tenha feito o encontro com Cristo está em condições de o anunciar aos outros.

«A formação do catequista compreende várias dimensões. A mais profunda refere-se ao ser catequista, ainda antes do fazer de catequista. Com efeito, a formação ajuda-o a amadurecer como pessoa, como crente e como apóstolo. Esta dimensão relaciona-se hoje também com a conceção de saber ser com que torna evidente até que ponto a identidade pessoal é sempre uma identidade relacional. Além disso, para que o catequista desempenhe a sua função de maneira adequada, a formação estará atenta também à dimensão do saber, que implica uma dupla fidelidade à mensagem e à pessoa no contexto em que vive. Por fim, sendo a catequese um ato comunicativo e educativo, a formação não esquecerá a dimensão do saber fazer» (Diretório para a Catequese 136).

Esta formação deve ter também um ritmo de iniciação cristã e de catequese de adultos, em pequenas comunidades, de modo a favorecer o anúncio e a reflexão sobre a vocação que o ser humano é chamado a viver no matrimónio, na família, na Igreja e na sociedade. 

A ação catequética encontra o seu lugar na comunidade eclesial. O caminho da catequese é uma jornada individual e comunitária. A vivência no grupo de catequese deve ser vista como uma verdadeira experiência comunitária de Igreja, que se vai alargando e inserindo o catequizando noutras experiências comunitárias – a pessoa, e cada pessoa, é o ponto de partida.

Na catequese, por vezes, ensinamos o que achamos necessário sem ouvir o que está no coração do interlocutor. Tenhamos sempre presente que o diálogo serve tanto para criar laços como para formar e indicar os procedimentos pedagógicos mais adequados. 

Amigo catequista, reflexo de toda esta tomada de consciência, ser catequista não é uma tarefa opcional, mas parte integrante da identidade cristã, porque é a difusão vivencial da vocação. Inspirados nas características da pedagogia divina, fazei das vossas catequeses, das vossas obras e dos vossos lugares de presença, lugares de anúncio explícito do Evangelho de Jesus Cristo, para que este seja capaz de iluminar aqueles que o escutam e que os leve a projetar a sua vida a partir dos valores do Reino, confiando na ação do Espírito que torna novas todas as coisas.

____

Aveiro, 18 de outubro de 2021 – Festa do evangelista S. Lucas.

† António Manuel Moiteiro Ramos, o vosso amigo e pastor


  • Facebook
  • Google+
  • Twitter
  • YouTube