«O Carmelo é todo de Maria»
Nós somos a Família da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, a família de Maria. E nas nossas origens estão a nuvenzinha que o Profeta Elias vê subir do mar e a confirmação do Papa Pio X da intuição de que aquela nuvenzinha é a Virgem Maria que vem fazer cair sobre a terra a água da graça.
Os ermitas no Monte Carmelo vão construir as suas celas e reunir-se em torno da capela que é dedicada a Maria, cuja imagem que preside é a de Nossa Senhora da Conceição. Com a chegada dos ermitas ao Ocidente, no século XIII, o Papa Honório III estava determinado a dar o decreto de supressão àqueles religiosos de hábito esquisito que vinham do Oriente. Nesta ocasião Nossa Senhora intervém aparecendo e ordenando-lhe que aprovasse a Sua Ordem, anunciando-lhe a morte dos que lhe tinham pedido a sua supressão. O que aconteceu de imediato levando o Papa a confirmar solenemente o Carmelo como a Ordem da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo.
No Carmelo o estilo de vida que levamos é simplesmente um estilo mariano, tal como Deus o concebeu no plano de santificação de cada um dos seus filhos. Maria ocupa na vida e no coração de cada carmelita o mesmo lugar que uma Mãe ocupa no coração do seu Filho. Ela é a Mãe do Redentor e intervém como Mãe na vida de Jesus e é precisamente como Mãe que ela quer intervir na nossa vida, ajudando-nos no plano de santidade que Deus traçou para nós. Este é o plano que Deus traçou para Maria: ajudar-nos a todos, e a cada um em particular, na santificação da nossa vida.
Santo Agostinho apresenta de forma encantadora deste plano de Deus para Maria: «Todos os predestinados para serem conformes à imagem do filho de Deus, estão neste mundo ocultos no seio da Santíssima Virgem, onde estão guardados, alimentados, sustentados e em pleno desenvolvimento, por esta boa Mãe até que ela os dê à luz na glória.»
Na realidade, no plano da nossa santidade, Maria está associada ao seu Filho como Mãe. Ao conceber o Verbo de Deus no seu seio tornou-se mãe de Deus e nossa Mãe. Porém é no alto da Cruz, que Jesus proclama oficialmente esta verdade, e fá-lo para todos nós: «Mulher, eis aí o teu Filho; Filho eis aí a tua Mãe». Neste momento Ele consumou a obra de redenção das nossas almas.
Da mesma forma que Deus fez depender a maior das suas obras: a Encarnação do Verbo, do consentimento de Maria, pedindo-lhe através do anjo Gabriel que aceitasse ser Mãe do Seu Filho, assim também faz depender do consentimento de Maria cada aplicação da obra redentora. E Maria distribui as graças e intervém na nossa santificação como nossa Mãe.
O mesmo acontece com a vida de comunhão com Deus, que é a participação na sua vida divina. Esta começa, em nós, pela obra do Espírito Santo e a cooperação voluntária da Virgem de Nazaré e cresce e desenvolve-se no nosso interior, pelo mesmo princípio: a acção do Espírito Santo e a intervenção maternal de Maria.
Somos concebidos e transportados no seio de Maria, no seio da sua caridade materna. Na sua alma é onde a nossa recebe do Espírito Santo a vida sobrenatural e o crescimento espiritual. Este é o princípio fundamental do estilo da vida mariana carmelita.
Quanto mais escondidas estejamos em Maria, tanto melhor recebemos a seiva divina que nos nutre, nos fortalece e faz crescer na fé, levando-nos à maturidade e formando em nós, na nossa interioridade, Cristo, que é a plenitude. Tal como Deus nos destinou para vivermos unidas a Jesus também nos destinou a vivermos unidas a Maria e termos uma só e mesma relação com Jesus e Maria.
Para nos conformarmos ao plano de Deus temos de aceitar que Maria seja nossa Mãe e exerça sobre nós a acção materna que Deus lhe confiou. A atitude mariana da carmelita está determinada pelo facto de Maria ser para nós, segundo o plano de Deus, Virgem e Mãe. Ela é a Virgem Imaculada, sem pecado concebida, e como imaculada é o modelo da nossa vida contemplativa. E à sua imagem somos formadas. Mas ela é também a Mãe que nos dá à luz na vida, que orienta a nossa vida contemplativa. Como Mãe, ela simplifica o itinerário da nossa vida nos caminhos da contemplação e da união divina de amor.
A Ordem é consciente de ter recebido tudo de Maria e sente a necessidade de ser toda de Maria. Maria é a Mãe do Carmelo, porque dela herdamos o nosso estilo de vida, olhando-a e moldando o nosso coração com o seu exemplo; porque a Ordem foi criada com o objectivo de a louvar e por último, mas não menos importante, porque ela cuida com amor de todos nós, da sua Ordem, e intervém a seu favor sempre que as circunstâncias o exijam.
Um dos escritos antigos acerca do que Maria fez pela sua Ordem diz assim: «Eis aí a tua mãe, ó venerada família do Carmelo! Ela é a Mãe de todos. Mas por muitos motivos ela é especialmente a tua Mãe. Ama-a, honra-a, como se ela estivesse sempre contigo. Considera-a como tua Mãe, para que Ela te leve à sua glória.»
Também nós, Carmelo de Cristo Redentor, neste ano de memória agradecida pelo que Deus fez por nós, como Filhas da Virgem Maria, queremos agradecer à nossa Mãe tudo o que tem feito por nós, ao longo destes 40 anos de presença em terras de Aveiro:
Obrigada Mãe
Por nos teres trazido à tua Ordem
E nos ensinares a ser discípulas de Jesus.
Por seres o modelo da nossa vida contemplativa
E nos ensinares a guardar tudo no coração,
Meditando dia e noite na palavra de Deus.
Obrigada por cuidares de nós
E nos fazeres crescer na fé, na esperança e no amor,
Na abertura e no serviço aos irmãos,
Pela oração silenciosa que dos nossos claustros sobe ao céu.
Obrigada por nos convidares cada manhã
à alegria da vida fraterna
que é antecipação do Reino de Deus nesta terra.
Obrigada Mãe,
Por nos trazeres a chuva da graça que é Cristo,
Teu filho e nosso irmão.
Contigo rezamos:
Vem Senhor Jesus, à nossa terra!
Vem Senhor Jesus ao coração de cada um dos nossos irmãos.
Vem Senhor Jesus e dá-nos a Tua paz!
Santa Maria do Monte Carmelo
Rogai por nós.
Carmelo de Cristo Redentor