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A CAMINHO DA PÁSCOA 

A CAMINHO DA PÁSCOA 

MONTADO NUM JUMENTO, JESUS ENTRA NA CIDADE 

Georgino Rocha 

A Igreja celebra o domingo de Ramos como “pórtico” da semana santa, a visão antecipada dos acontecimentos finais da vida terrena de Jesus. O triunfo da entrada em Jerusalém, caricatura do que realmente vai ocorrer, é profecia do que virá: a paixão e morte de Jesus adquirem o seu pleno sentido no grito de vitória sobre o mal na ressurreição de Jesus. Mc 11, 1-10.

O jumento que monta, os discípulos que o aclamam, os factos prodigiosos que recordam, as aclamações de paz e glória no céu, tudo isso não evoca senão o logro das aspirações dos mais débeis e desamparados deste mundo. “Em Jesus triunfa tudo o que na ordem presente fracassa. Tal é o significado profundo da entrada de Jesus em Jerusalém” Castillo.

O jumento estava preso e tem de ser desatado para que Jesus o possa utilizar. O animal deixa fazer, é dócil, paciente, humilde e serviçal. Avançam juntos. O jumento deixa-se guiar. Vai onde Jesus quer. Que bela lição!

Juntemo-nos a esta multidão entusiasmada que acompanha e aclama Jesus. Como eles, reunidos com os seus ramos e cânticos, nós vimos dizer-Lhe o nosso reconhecimento pelas curas e as bênçãos, pelo dom que Ele faz de si mesmo. E Jesus acolhe esta manifestação popular de afecto com benevolência.

Em cada eucaristia, nós cantamos: Hossana no mais alto dos céus. Bendito o que vem em nome do Senhor. Esta aclamação ressoa de modo diferente ao longo da semana santa. O fervor não durará muito. Entremos com Jesus em Jerusalém e aceitemos segui-lo decididamente nas alegrias e nos combates por Ele nosso Rei que nos guia com amor de crucificado. Emmanuelle, Vers Dimanche.

Jerusalém é a meta desejada por Jesus ao longo de toda a sua caminhada em missão. Faz convergir tudo para esta cidade. Também as oportunidades, como as festas da Páscoa, que constituíam os “dias da pátria”. A elas, acorrem multidões que fazem triplicar a população residente. Jesus entra na cidade, não às escondidas, mas publicamente. Escolhe um modo desconcertante, simbólico, com força de sentido para sempre: A simplicidade da montada no jumentinho.

Entra na cidade, espaço onde se organiza a vida social e económica, se cria e transmite a cultura, se administra a justiça, se realizam as festas religiosas que, além de louvar a Deus, irmanam as gentes e ajudam a conservar a identidade. A cidade secular não pode ser humanizada sem a festa popular, onde os cidadãos se encontram e partilham tradições e projetos, vivenciam o tempo, rememoram o passado, abrem as “janelas” ao futuro coletivo afirmam a sua identidade comum mais profunda.

Entra na cidade, rede de relações humanas e de saberes, onde se cruzam e mutuamente se enriquecem o civismo e a proximidade, a ciência e a fé. A cidade secular não pode abdicar desta capacidade de gerar “homens” novos que sabem afirmar a sua individualidade e potenciar a sua sociabilidade.

Jesus entra na cidade, comunidade onde o amor faz crescer e está ao serviço da vida. A cidade secular necessita absolutamente deste amor, fonte de vida, de oásis de humanização, de estalagens samaritanas.

Entra na cidade, santuário da consciência onde cada um se encontra consigo mesmo, com os outros e com Deus e o seu amor de Pai. E vive, como Jesus ensina, a relação filial, base da fraternidade que constrói a cidade dos homens, lançando as sementes da cidade de Deus. Entra e traz novo vigor à nossa humanidade.

Bom domingo de Ramos, o primeiro dia da semana santa que culmina na agonia e morte do Crucificado, aurora da Páscoa do feliz. Ressuscitado.


 

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