Ao fim de um ano de formação de voluntariado missionário organizado pelo SDAM (Secretariado Diocesano de Animação Missionária), a organização dividiu-nos por grupos e por países, tendo eu calhado no Brasil (Manicoré, pertro de Manaus, na Amazónia) com as minhas duas companheiras, a Paula e a Margarida. E foi assim que se deu início à nossa grande aventura… Penso que a minha grande motivação para ganhar coragem e partir em missão foi a minha fé! Fé não só em Deus, mas fé de que eu em conjunto com muitos outros podemos mudar o mundo. Sempre lutei por um mundo mais justo e menos egoísta e, portanto, foi isso que me faz avançar.
Estivemos inseridas no Centro Juvenil Salesiano de Manicoré, onde estávamos com os jovens, quer a brincar, quer a ensinar-lhes um pouco do que nós sabíamos e a aprender o muito que eles tinham para nos ensinar. Visitávamos várias pessoas doentes, fomos à escola de meninos com deficiência, visitámos a prisão e demos várias palestras em áreas como educação, saúde e voluntariado. Ao fim de semana participávamos nos oratórios das comunidades, que consistiam em brincar com as crianças, dar-lhes uma merenda e fazer uma pequena oração.
Eu, como estou a fazer formação superior em Psicologia, era solicitada para falar pessoalmente com pessoas que pediam ajuda e também com jovens que atravessavam, em especial, problemas familiares.
Poderia estar aqui a enumerar uma grande quantidade de coisas que fiz, mas uma coisa que aprendi com esta experiência é que acima tínhamos de “estar” ali, não tanto fazer… Tínhamos de ouvir e falar com as pessoas, brincar, sorrir, sentar no chão, dar abraços, beijos… Portanto, acima de tudo estive com as pessoas. Sinto que o pouco que podemos fazer pode ser muito para muita gente e por isso todos os momentos valeram a pena.
Recordo com carinho os sorrisos das crianças, os abraços aconchegantes, os “obrigados” que ouvi tantas vezes, mas que no fundo sentia que eu tinha muito mais a agradecer. Sinto que regressei com o coração maior e mais rico, com mais vontade de dar um pouco de mim aos outros. A minha fé também ficou mais fortalecida, pois senti Deus de uma forma mais forte em diferentes situações durante a missão. Com esta experiência aprendi a dar mais valor àquilo que tenho, às pessoas que amo e, sobretudo, à pessoa que sou.
Sarah Reis, 22 anos, em Manicoré, Brasil
fonte: correiodovouga