“Ouvi muitos obrigados mas sentia que tinha muito mais a agradecer” | Sarah Reis

“Ouvi muitos obrigados mas sentia que tinha muito mais a agradecer” | Sarah Reis

Ao fim de um ano de formação de voluntariado missionário organizado pelo SDAM (Secretariado Diocesano de Animação Missionária), a organização dividiu-nos por grupos e por países, tendo eu calhado no Brasil (Manicoré, pertro de Manaus, na Amazónia) com as minhas duas companheiras, a Paula e a Margarida. E foi assim que se deu início à nossa grande aventura… Penso que a minha grande motivação para ganhar coragem e partir em missão foi a minha fé! Fé não só em Deus, mas fé de que eu em conjunto com muitos outros podemos mudar o mundo. Sempre lutei por um mundo mais justo e menos egoísta e, portanto, foi isso que me faz avançar.

Estivemos inseridas no Centro Juvenil Salesiano de Manicoré, onde estávamos com os jovens, quer a brincar, quer a ensinar-lhes um pouco do que nós sabíamos e a aprender o muito que eles tinham para nos ensinar. Visitávamos várias pessoas doentes, fomos à escola de meninos com deficiência, visitámos a prisão e demos várias palestras em áreas como educação, saúde e voluntariado. Ao fim de semana participávamos nos oratórios das comunidades, que consistiam em brincar com as crianças, dar-lhes uma merenda e fazer uma pequena oração.

Eu, como estou a fazer formação superior em Psicologia, era solicitada para falar pessoalmente com pessoas que pediam ajuda e também com jovens que atravessavam, em especial, problemas familiares.

Poderia estar aqui a enumerar uma grande quantidade de coisas que fiz, mas uma coisa que aprendi com esta experiência é que acima tínhamos de “estar” ali, não tanto fazer… Tínhamos de ouvir e falar com as pessoas, brincar, sorrir, sentar no chão, dar abraços, beijos… Portanto, acima de tudo estive com as pessoas. Sinto que o pouco que podemos fazer pode ser muito para muita gente e por isso todos os momentos valeram a pena.

Recordo com carinho os sorrisos das crianças, os abraços aconchegantes, os “obrigados” que ouvi tantas vezes, mas que no fundo sentia que eu tinha muito mais a agradecer. Sinto que regressei com o coração maior e mais rico, com mais vontade de dar um pouco de mim aos outros. A minha fé também ficou mais fortalecida, pois senti Deus de uma forma mais forte em diferentes situações durante a missão. Com esta experiência aprendi a dar mais valor àquilo que tenho, às pessoas que amo e, sobretudo, à pessoa que sou.

Sarah Reis, 22 anos, em Manicoré, Brasil

fonte: correiodovouga

“Quem evangeliza sai evangelizado” | Paula

“Quem evangeliza sai evangelizado” | Paula

Integrei. Fiz formação de um ano em que foram realizadas diversas dinâmicas e abordados diversos temas como: Igreja, Desenvolvimento Sustentável, Espiritualidade, Motivações, etc. Após este ano, fui para o estado do Amazonas no norte do Brasil. Estive lá cinco semanas em conjunto com as minhas colegas de missão: a Sarah e a Margarida. Uma das primeiras coisas que o pároco do lugar onde ficámos nos disse foi: “Quem evangeliza sai evangelizado.” E é sem dúvida o que acontece. A missão mais que fazer e ajudar é sobretudo ser e estar. Missão é o rosto de Jesus Cristo, é levá-lo e partilhá-lo por todos os lugares, transmitindo às pessoas a boa nova de viver em Cristo, a felicidade que isso nos pode trazer. A missão é darmo-nos. Eu posso dar muita coisa mas se não me dei a mim então não dei nada. D. António Couto disse uma vez que: “Só pode ser verdadeiramente Cristão aquele que sabe que outro Homem morreu por ele”. O primeiro missionário é Jesus Cristo ao dar a sua vida por todos nós. Também nós somos chamados a darmo-nos, a ser missionários seguindo o seu caminho.

Paula, 20 anos, em Manicoré, Amazónia, Brasil

fonte: correiodovouga

Voluntariado Missionário em Ribeira Afonso – São Tomé | Alina Ferreira

Voluntariado Missionário em Ribeira Afonso – São Tomé | Alina Ferreira

18 de julho a 15 de agosto de 2015

 

A vontade de fazer voluntariado internacional surgiu quando estava a estudar na universidade. Tinha conhecimento das necessidades das populações africanas, por aquilo que ia vendo nas notícias e documentários, mas para mim sempre foi importante estar no terreno. Queria contactar com uma realidade completamente diferente da minha e ajudar naquilo que fosse possível.

Há cerca de um ano fiquei a conhecer o voluntariado do SDAM e pensei logo que seria uma boa oportunidade. Ao longo dos meses de formação fomos nos preparando, mas só no dia da partida é que o nervosismo do desconhecido surgiu. Mas quando me encontrei com a Marta no aeroporto a ansiedade desapareceu e sabia que tudo iria correr bem. E correu!

Ficamos na vila da Ribeira Afonso situada no sul da ilha de São Tomé e fomos muito bem recebidas. Como sou gerontóloga, durante a manhã fiquei no Centro de Dia Padre Silva com os idosos e desenvolvi atividades, tais como: ginástica adaptada, origami, desenho, puzzles e atividades de estimulação cognitiva, complementando as atividades já existentes. Durante a tarde, em conjunto com a Marta participamos num campo de férias, onde demos apoio escolar a crianças do 1º ao 9º ano em diferentes disciplinas. Impressionou-me a enorme vontade que eles têm em aprender, infelizmente a falta de recursos humanos e materiais, faz com que não tenham um ensino adequado. Por exemplo apercebemo-nos que crianças do 5º ano tinham muitas dificuldades a ler ou quando pedimos a alunos do 9º ano para fazer uma composição deparamo-nos com muitos erros ortográficos e sem estrutura.

Com a chegada de outros voluntários de Portugal, que tinham como objetivo pintar as instalações onde decorria o campo de férias, passamos a fazer atividades no exterior com as crianças, que na sua maioria foram jogos.

Em São Tomé as necessidades são muitas. Vemos crianças descalças e a usarem roupa muito rota e a maioria delas não tem brinquedos, brincando com carrinhos feitos com pedaços de madeira ou garrafas de plástico. No apoio domiciliário, quando fomos entregar comida aos idosos, entrei em casas sem o mínimo de condições, não tinham água canalizada, nem casas de banho, outras até tinham buracos no soalho.

Foi muito importante para mim perceber o trabalho das Irmãs Missionárias e fico contente por perceber que também eles reconhecem a ajuda da Igreja. Aos poucos Ribeira Afonso vai conquistando condições, mas tudo surge muito devagar. Em São Tomé temos que entrar no espírito “leve leve” e deixar para trás o ritmo a que estamos habituados.

A energia e a boa disposição das pessoas contagia. Lá ouve-se música diariamente e não há santomense que não saiba dançar. Esse foi um dos meus maiores ensinamentos, ser alegre e saber valorizar o que temos. Sinto que deixei de me preocupar com o supérfluo. Nós quando partimos vamos com o sentimento de dar sem esperar nada em troca, mas após o regresso fazemos o balanço e percebemos que recebemos muito mais do que aquilo que demos. Diziam-me isto e é mesmo verdade.

 

Alina Ferreira