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«Em direção à Páscoa… sonhemos juntos o Caminho!»

INTRODUÇÃO

O contexto litúrgico

A Quaresma é um caminho dinâmico para a Páscoa, um caminho de preparação para o tempo central da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor: o Mistério Pascal. Um caminho dinâmico, não apenas pessoal, mas comunitário, como “Povo de Deus”. O ano de 2022, tendo em conta o contexto eclesial que vivemos, é o ano em que, na Quaresma, não devemos prescindir desta característica eclesial comunitária, pois somos um “Povo que caminha”.

O contexto eclesial

A Quaresma deste ano coincide com o final da primeira “fase sinodal” que vive a Igreja: “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão.” O contexto eclesial desta Quaresma coincide com a chamada “fase diocesana” de consulta ao Povo de Deus na qual estamos envolvidos todos, paróquias, comunidades, movimentos, diocese.

O que fazer neste tempo quaresmal

A proposta para a comunidade em geral é simples: passar por fazer este caminho em paralelo “Quaresma-Caminho Sinodal”, para que possamos ajudar as pessoas e as comunidades a fazer caminho de conversão sinodal; como um êxodo desde o deserto das nossas vidas (tempo das antigas escravidões da pré pandemia) para um tempo, uma nova terra, de superação de todas as tentações como Igreja ou como pessoas. A Quaresma será, então, o tempo para voltar ao essencial nesta “quarentena” litúrgica em que procuramos a cura da nossa vida pessoal e comunitária, deixando-nos tocar pelos apelos que o caminho sinodal nos faz. Há que fazer a “revisão médica” do nosso “corpo eclesial”, que inclui também a “revisão médica” de cada um de nós como membros deste “corpo comunitário” que é a Igreja. Nesse sentido é proposta uma intenção a incluir na Oração Universal de cada um destes domingos.

A proposta para as crianças da catequese assenta neste princípio sinodal: no caminho acompanhamos Jesus e Jesus acompanha-nos, sempre. A Quaresma não é um caminho em solitário, meramente individual: é sempre com Jesus e sempre em comunidade. E quem caminha com Jesus é constantemente desafiado. É este desafio, pessoal e comunitário, que o processo sinodal nos propõe, também com as crianças e a catequese.

Estas propostas, mais do que executadas à letra, têm que ser trabalhadas e adaptadas por cada comunidade. O espírito sinodal é este: um mesmo propósito, um mesmo caminho, mas cada um com as suas especificidades.

O ícone sinodal

O ícone sinodal, presente em todas as igrejas da nossa diocese, pode ajudar a compreender o caminho proposto para a comunidade. Pode ser apropriado explicá-lo, talvez na celebração de quarta-feira de cinzas.

É uma árvore grande e majestosa, cheia de sabedoria e luz, que chega ao céu. É um sinal de profunda vitalidade (em movimento) e esperança, que expressa a cruz de Cristo. A Eucaristia brilha como o sol e as mãos abertas como as asas do Espírito Santo. O povo de Deus está em movimento, caminhando juntos, sinodalmente e unidos debaixo da sombra da árvore da vida, desde que se começa a caminhar.  

As 15 silhuetas representam a humanidade inteira na diversidade de situações de vida, gerações e origens. A multiplicidade de cores vivas simboliza também alegria. Não há hierarquia entre essas pessoas: jovens, velhos, homens, mulheres, adolescentes, crianças, leigos, religiosos, pais, casais, solteiros, deficientes; o bispo e a freira estão no meio deles, não em primeiro lugar. As crianças e os adolescentes abrem o caminho, referindo-se as palavras de Jesus no Evangelho: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelastes aos pequeninos” (Mt 11,25)

Propostas para ajudar a celebrar o tempo da Quaresma à luz da caminhada sinodal

Proposta para trabalhar na Quaresma

Podemos partir da situação de deserto (pandemia, igrejas vazias…) e caminhamos para a Páscoa do Ressuscitado em quem se encontra a plenitude de uma Igreja Sinodal. No caminho, não há apenas tentações no primeiro domingo, mas todos os domingos apresentam situações que nos podem desviar do caminho sinodal.

Quarta-Feira de Cinzas

A Quaresma que se inicia é o tempo da conversão pessoal e comunitária, tempo para voltar ao essencial, procurando a “a cura” para a vida pessoal e da comunidade, na escuta do que o Espírito diz à Igreja. Esse é também o movimento que anima o processo sinodal.

Domingo 1O caminho do discernimento

As tentações exigem que saibamos discernir qual é o verdadeiro caminho. Acompanhados por Jesus, retomamos o bom caminho sinodal.

Domingo 2A luz da esperança

Com Jesus, subimos à montanha onde experimentamos a Luz da esperança que brota do rosto transfigurado de Jesus, frente a uma nova tentação: a da instalação numa Igreja-Comunidade tipo “estufa” (que bom é estar aqui! Façamos três tendas…). Essa luz convida-nos a descer da montanha e a continuar a caminhar, mesmo que mais lentamente; animados pelo ícone do Sínodo: O povo de Deus está em movimento, caminhando juntos, sinodalmente e unidos debaixo da sombra da árvore da vida, desde que se começa a caminhar.  

Domingo 3Uma nova oportunidade

De novo no caminho, por vezes na tentação, como os discípulos, de acreditar que a Igreja é perfeita e não há nada para mudar ou reformar. Os maus são os outros e por isso pagam pelos seus pecados. Mas Jesus diz-nos que todos somos pecadores, que a Igreja não é perfeita. Dizia alguém que é uma loucura fazer a mesma coisa, uma e outra vez, esperando obter diferentes resultados. A conversão do coração e a reforma da Igreja são muito lentas. Não é fácil converter o modo de pensar e agir, à semelhança do olhar compassivo de Jesus. É necessária muita humildade. Deus supera a nossa autossuficiência e tem tanta paciência que dá uma nova oportunidade para a conversão e para caminhar juntos, construindo a Igreja sinodal.

Domingo 4Acolher incondicionalmente

Tal como o filho pródigo, reconhecemos o nosso pecado e o pecado da Igreja. A tentação é ficarmos por uma atitude derrotista que, no caso daquele filho mais novo, se limitaria a cuidar dos porcos com um permanente lamento nos lábios: não há nada a fazer; ou, como o filho mais velho, acreditarmos que somos perfeitos, recusando sem ambiguidades todos os 2irmaos pródigos dos caminhos”: ao fim de tanto tempo vem porquê? E na casa do Pai, a Igreja, os filhos estamos cansados de tanta inoperância e estamos divididos entre nós mesmos. Mas Deus acolhe a todos incondicionalmente. A casa de Deus, o Povo de Deus, a Igreja Sinodal e uma Igreja aberta a todo o mundo, como os braços do Pai, capaz de acolher e escutar. É Ele, o Pai, quem o torna possível. É uma Igreja alegra e em festa, onde todos de podem reconhecer como irmãos.

Domingo 5O olhar de Jesus

Como os fariseus e publicanos do Evangelho, também hoje, na Igreja, há quem viva prisioneiro de uma lei que condena e de um olhar carregado de preconceitos que só se preocupa com o negativo. Uma Igreja intransigente não pode caminhar porque facilmente nos divide entre justos e pecadores quando, realmente, todos somos pecadores. Jesus tem um olhar diferente, cheio de misericórdia: somos pecadores, é verdade, mas não só. O olhar de Jesus descobre também em nós novas possibilidades, acolhidos pela sua misericórdia e o seu perdão. Assim, podemos caminhar juntos, confiados uns nos outros, cheios também de misericórdia e de perdão, para chegar a ser uma Igreja verdadeiramente sinodal: em comunhão participativa com o olhar na missão.

Para a Semana Santa

A pandemia está a ser uma experiência de vida onde emerge a fragilidade: fragilidade pessoal e fragilidade comunitária. O fruto desta condição frágil é descobrir que a vida está ferida. Com Jesus estas feridas ganham sentido e rumo. O Tríduo Pascal, tempo em que penetramos no miolo, no cerne da nossa experiência crente, está marcado por três feridas essenciais: o amor, a morte e a vida. Essa é a experiência de Jesus, da qual fazemos memória nestes dias e através dos quais nos aproximamos e nos comprometemos com um modo renovado de ser Igreja, mais próxima de Jesus e do seu “estilo”. E também com um modo renovado ser cristão, de ser discípulo missionário.

Domingo RamosUma Igreja humilde

Ser humilde é renunciar à autossuficiência e aprender a escutar a voz de Deus nos acontecimentos que nos rodeiam e não, simplesmente, claudicar e desistir.

Quinta Feira SantaUma Igreja fraterna

O amor que Jesus nos chama a viver não é um sentimento ou uma emoção: é antes o modo próprio que estamos chamados a viver, como pessoas e como Igreja. A Igreja tem de abaixar-se para lavar os pés deste mundo. Ser cristão ou ser Igreja não é “ter que amar”, mas antes “ser amor”.

Sexta Feira SantaUma Igreja que se entrega por todos

A cruz de Jesus é a cruz de milhares de pessoas maltratadas, empobrecidas, refugiadas, desaparecidas, torturadas, vencidas. Beijar a cruz não é passar ao lado, é deixar-se transformar pelo mistério da misericórdia com que Jesus nos renova.

Domingo PáscoaIgreja, povo de Deus que caminha

A experiência da Páscoa é o motor da vida cristã que cria e anima a ser discípulo missionário. Ser Igreja que se caminha, que se levanta de madrugada para ir ao encontro do Senhor e o reconhece nos seus prediletos, os pobres, os descartados da vida. Sonhemos juntos este caminho.

Oração Universal ou dos fiéis 2022 Ano C

(substitui a última intenção proposta pelo livro do SNL)

Domingo I

Pelos membros desta assembleia dominical,

para que se deixem conduzir pelo Espírito de Deus

nas decisões e escolhas de cada dia,

oremos.

Domingo II

Para que os membros da nossa assembleia

alicerçados na firme esperança da ressurreição

sejam luz para os homens que desanimam no caminhar da vida,

oremos.

Domingo III

Pelos que exercem qualquer serviço ou ministério na Igreja,

para que imbuídos de caridade na compreensão da diversidade de caminhos

acolham e integrem os que chegam e aqueles que regressam depois de se terem afastado,

oremos.

Domingo IV

Para que nós próprios e toda a nossa comunidade (paroquial),

vencendo todo o ressentimento que divide, à imagem do Pai misericordioso,

acolhamos de coração grande e aberto aqueles que desejam voltar,

oremos.

Domingo V

Pelos fiéis da nossa comunidade (paroquial),

para que cruzando o nosso olhar com o olhar do amoroso de Jesus,

encontremos no sacramento da reconciliação a paz almejada pelo nosso coração,

oremos.


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