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Dia da Memória – Homilia

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Homilia no Dia da Memória

Sé de Aveiro, 11 de Dezembro de 2013

 

1.Há 75 anos, neste dia e nesta Sé, D. João Evangelista de Lima Vidal, nosso primeiro bispo, dava execução à bula Omnium Ecclesiarum do Papa Pio XI, pela qual se restaurava a Diocese de Aveiro.

Aqui vimos hoje, com alegria e gratidão, celebrar este dia como Dia da Memória. Vimos de longe. De longe na história da nossa Diocese a que o tempo deu tons e cores, formas e sentido, em vidas oferecidas por inteiro a Deus para servir o mundo. Queremos fazer memória de todos quantos nos legaram, em herança, o dom da fé e trilharam antes de nós o caminho das bem-aventuranças. Lembro com particular afecto e fraterna gratidão o senhor D. António Marcelino, nosso bispo, meu irmão e mestre, que partiu ao encontro de Deus, há dois meses. Nele recordo todos os que serviram e amaram esta Igreja.

 Vimos de longe na diversidade das 101 paróquias que constituem a nossa Diocese, como peças de um só barco de que fizemos o símbolo da Missão Jubilar e que agora ancoramos em lugar público da nossa cidade, para dizer ao futuro a missão que somos chamados a servir.

Vimos de todos os lugares na variedade de horizontes de vida e na multiplicidade de percursos de fé. Demos graças ao Senhor nosso Deus, que aqui nos conduziu e congrega com desvelo e bondade.

Saúdo-vos irmãos sacerdotes, diáconos, consagrados, seminaristas e leigos. Saúdo as crianças, jovens, famílias, idosos e doentes, reclusos e emigrantes. Rezo por todos os que habitam este belo e abençoado espaço diocesano e por quantos nos seguem através da transmissão televisiva da diocese.

Sede bem – vindos, amados diocesanos. “Um dia vou dizer obrigado… Hoje é o dia!”. “A memória é uma dimensão da nossa fé”. diz-nos o Papa Francisco, na sua recente Exortação Apostólica. (EG, 13).

Saúdo o Senhor Núncio Apostólico e peço-lhe que testemunhe ao Santo Padre a plena comunhão desta Igreja de Aveiro e do bispo que a serve com o seu presbitério e que lhe expresse a nossa gratidão pela mensagem que teve a bondade de nos enviar e pela bênção apostólica que nos concede.

Vivem esta hora connosco o senhor Arcebispo Primaz de Braga, nosso Metropolita, o senhor Bispo de Leiria-Fátima, Vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e vários irmãos bispos de outras dioceses de Portugal. Saúdo-vos, irmãos com muito afecto e sentida gratidão, porque esta presença manifesta a comunhão das nossas Igrejas nestes tempos de novos desafios a exigir um trabalho pastoral conjunto, cada vez mais intenso e mais próximo.

Saúdo com dedicada estima os representantes de outras Igrejas Irmãs de confissão cristã, com quem temos a alegria de professar a fé em Jesus Cristo e de partilhar espaços e serviços comuns para bem das nossas comunidades.

Estão connosco igualmente os responsáveis pelo governo autárquico das nossas comunidades, pelo serviço ao viver humano e ao agir social das instituições e pelo ampliar de horizontes do saber, da investigação, da ciência e da arte das nossas escolas e da nossa Universidade. Saúdo as autoridades civis, militares, judiciais e académicas. Cumpre-nos a todos estabelecer pontes, abrir campos ao diálogo e valorizar caminhos de colaboração. Queremos continuar a fazer de Aveiro uma terra de gente feliz, escola de cidadania, chão sagrado de liberdade e pátria das bem-aventuranças.

2. Este dia culmina um abençoado percurso de programação pastoral que teve a sua expressão maior na Missão Jubilar, vivida como belo projecto pastoral que mobilizou e uniu toda a Diocese.

Percorremos ao longo deste tempo as ruas da nossa Diocese, levando a cada família a mensagem feliz de que Deus nos ama.

Fomos capazes da audácia e da força para vencer medos e rotinas e para ir ao encontro de todos, dos mais próximos e dos mais distantes, dos mais generosos e dos mais frágeis, cumprindo e realizando o lema da nossa Diocese: “Amar a Deus é servir”.

Vivemos este tempo sob o lema: “Vive esta hora”. A hora, hoje, é de gratidão a Deus que nos inspirou este sonho e nos acompanhou neste caminho; gratidão a Maria, Mãe da Igreja, que nos fez testemunhas deste modo terno e materno de ser Igreja e a Santa Joana Princesa, nosso Padroeira, com quem queremos aprender a amar a Deus como ela amou e a servir Aveiro como ela serviu; gratidão a quantos se deram por inteiro com alegria e generosidade à causa de Jesus e ao serviço da Igreja de Aveiro.

3. Mas esta celebração vivida em tempo litúrgico do advento do Natal de Jesus diz-nos que esta hora não é de fim, mas de presente em advento do tempo futuro.

Foi “belo e bom o caminho” percorrido por leigos, consagrados, diáconos, presbíteros e bispos. Sempre nos motivou mais o impulso missionário e evangelizador do que a simples celebração de uma data. E por isso chamamos Missão Jubilar a este projecto pastoral, que sempre colocamos no coração de Deus e confiamos ao dinamismo criativo e persistente de irmãos dedicados e de colaboradores generosos.

Sabemos que neste ardor que queremos novo só podemos ter como modelo o Bom Pastor que nos lança na aventura de construção de uma comunidade eclesial constituída em chave de missão, em jeito de saída para o mundo, como diz o Papa Francisco.

Em tudo e sempre é necessário ouvir o que o Espírito de Deus diz à sua Igreja e estar disponível para os desafios que daí se desprendem.

A Igreja tem ao seu alcance uma pedagogia aprendida no evangelho, reavivada no Concílio e no nosso II Sínodo Diocesano, tornada mais visível na vida e nos gestos do Papa Francisco que nos ensina a sair dos templos, a sermos ousados, criativos e generosos.

A rede de coordenadores, de mensageiros e de missionários foi rosto e alma da Missão Jubilar. Assim se fez de nós uma Igreja mais próxima, mais dinâmica e mais feliz.

Queremos ser Igreja que sabe como é importante propor aos jovens a vocação à vida: familiar, sacerdotal, religiosa e missionária. Tivemos a alegria da ordenação de três presbíteros e de oito diáconos permanentes.

Sentimos que o futuro está aí e que o pós-missão jubilar é algo que estamos a preparar desde já. Há um ministério de comunhão, esperança e bondade que queremos continuar a viver.

4. A Palavra de Deus, hoje proclamada, inspira-nos a prosseguir este caminho e fortalece-nos na busca deste horizonte de sentido.

 “ O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a boa nova…e enviou-me a proclamar um ano de Graça da parte do Senhor” dizia Isaías na primeira leitura (Is 61, 1-2). A profecia de Isaías só se cumpre hoje, se formos capazes de a transformar em missão.

É esse o sentido do evangelho agora proclamado. As bem-aventuranças são uma perfeita e bela síntese do evangelho. São as afirmações de que Deus se faz quotidiano de modo absoluto. Elas são uma catequese feita do evangelho professado e do evangelho encarnado. O evangelho vivido com verdade e enunciado com alegria não se leva aos outros apenas com palavras. O evangelho ama e entusiasma.

5.Ir ao encontro deste Cristo das bem-aventuranças e partir de Cristo em missão para ir ao encontro de todos, sobretudo dos mais pobres e dos que mais sofrem, é o desafio que hoje faço à Igreja, que Deus me enviou a servir desde há sete anos.

Viver em Igreja esta paixão evangelizadora é a nossa missão. A minha e a vossa missão. Assim cumpriremos com beleza e verdade o que nos diz Paulo na Carta aos Efésios e que agora sinto ser a oportuna e necessária mensagem dirigida a cada um de nós.

Igreja de Aveiro: “És edifício construído sobre o alicerce dos Apóstolos e dos Profetas, que tens Cristo como pedra angular. Em Cristo cresces para formar um templo santo do Senhor. Já não há estrangeiros nem hóspedes entre ti, mas concidadãos dos santos e filhos de Deus” (cf Ef 2, 19-22).

Igreja de Aveiro: “Tu tens na tua mão uma grande missão. Tu tens em ti a força que dá sabor à vida! Nossa casa é o mundo. Nossa arma é o amor. Nosso tempo é agora. Vive! Vive esta hora!”(do Hino da Missão Jubilar).

António Francisco dos Santos, bispo de Aveiro

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